Entrevista

Entrevista com Dilson Jatahy Fonseca Jr., o novo comandante da Resorts Brasil

O baiano Dilson Jatahy Fonseca Jr., Diretor do Catussaba Resort, em Salvador (BA), é o novo Presidente da Resorts Brasil – Associação Brasileira de Resorts para o biênio 2012-2013. Formado em Engenharia Civil e Direito, Fonseca atua há 30 anos nas áreas de incorporação imobiliária, construção civil, agropecuária e hotelaria. Também exerceu cargos na gestão pública, como na diretoria administrativa e financeira do Detran da Bahia, e como Diretor-presidente da SUDIC/BA – Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado da Bahia.

 

Nesta entrevista exclusiva, Fonseca que já foi presidente da ABIH/BA – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia, fala sobre as suas principais ações e metas a frente da Resorts Brasil, perspectivas para o mercado hoteleiro nos próximos anos, a criação dos comitês temáticos e também do empenho da Associação para desoneração fiscal do setor.

 

Revista Hotéis —  Quais os motivos que o levaram a aceitar o cargo de presidente da Resorts Brasil?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Sinto-me absolutamente motivado para este novo desafio, na nossa tão conceituada e representativa Associação Brasileira de Resorts,  em função do momento econômico e histórico único que o nosso País vivencia. Acredito que possamos contribuir com o desenvolvimento do setor de resorts.Creio que os resorts têm muito espaço para crescer no Brasil, em índices até mesmo superiores do que o crescimento do PIB. Com o aumento do poder aquisitivo do brasileiro, cada vez mais pessoas poderão ter acesso a esses empreendimentos. Além disso, apostamos no retorno do público internacional, em função da grande visibilidade do Brasil, em todo o mundo, bem como os grandes eventos esportivos que ocorrerão nos próximos anos.Tenho plena convicção ainda de que, por meio de nossos resorts, o Brasil possa ser cada vez mais conhecido no mercado internacional, pois nossos empreendimentos oferecem o que há de melhor no País. Nossa missão principal é, portanto, tentar contribuir ao máximo na tarefa de convencer o governo brasileiro e a própria população de que os resorts são o meio perfeito de possibilitar o melhor lazer, atrelado a um justo custo-benefício, que venha tanto gerir receita para o País, quanto possibilitar o desenvolvimento de nosso negócio como atividade turística.Em suma, vamos defender a bandeira de que o brasileiro precisa conhecer o Brasil, e os estrangeiros precisam vir cada vez mais para os nossos maravilhosos empreendimentos.

Revista Hotéis— Qual a bagagem e experiência profissional que você traz para comandar a principal entidade de resorts no Brasil até o final do próximo ano?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Sou formado em Engenharia Civil e Direito e fiz cinco pós-graduações, sendo três na área administrativa, inclusive Administração Hoteleira, vinculada à Faculdade Estácio de Sá, e também na área Jurídica, sendo a última em Direito Empresarial, na PUC de São Paulo.
Como engenheiro civil, atuo desde o início da vida profissional na área de incorporação e construção de empreendimentos imobiliários, inclusive os empreendimentos hoteleiros pertencentes à família, dos quais sou sócio; também atuo no Direito, exercendo predominantemente a advocacia preventiva na área de Direito Empresarial, em que me especializei.
No meio empresarial, atuo há 30 anos nos ramos de incorporação imobiliária, construção civil, agropecuária e hotelaria. Tenho também experiência em gestões públicas. Assumi em 1990 a diretoria administrativa e financeira do Detran da Bahia e em 2007 e 2008 fui diretor-presidente da SUDIC -Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Estado da Bahia, principal autarquia da Secretaria de Indústria e Comércio do governo baiano, responsável pela gestão, planejamento e desenvolvimento de Camaçari e diversos outros pólos industriais do Estado.
No meio associativista, exerci a presidência da ABIH-Bahia, na gestão de 1997/1999. A partir dali, sempre participei das gestões da ABIH Nacional, inclusive como diretor administrativo na gestão do presidente Eraldo Alves da Cruz.
Atualmente, dirijo o Catussaba Resort em Salvador, e tenho a grata felicidade e oportunidade de contribuir com a nossa Associação Brasileira de Resorts, ao lado de toda a Diretoria recentemente eleita.

Revista Hotéis — Quais as ações que pretende colocar em prática e as principais metas a serem alcançadas em sua gestão?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Temos uma série de reivindicações que julgamos essenciais para garantir a competitividade dos resorts. A principal delas é a inclusão do setor no programa Brasil Maior, para que benefícios fiscais estejam ao alcance dos resorts, e que eles possam assim voltar a crescer e atrair novos investimentos.
Essa desoneração é um anseio comum de outras entidades hoteleiras, o FOHB – Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil, a ABIH – Associação Brasileira da Indústria Hoteleira e a FBHA – Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, que assinaram junto com a Resorts Brasil a Carta de Salvador, em agosto de 2011. Todos os princípios da Carta foram ratificados durante encontro de associados da Resorts Brasil, realizado no último dia 18 de outubro, no Rio de Janeiro. Nossa proposta é manter o diálogo com o governo em torno dessa medida, que consideramos fundamental para a ampliação dos negócios entre os resorts. 
Temos um calendário de eventos definido. No cenário internacional, acabamos de realizar, com o apoio da Embratur, uma série de workshops com agentes e operadores estrangeiros. O objetivo é incentivar a vinda de turistas de outras nacionalidades, que já foram responsáveis por cerca de 40% de nossos hóspedes e hoje não chegam a alcançar 20% do total.
A aproximação com o agente de viagens é outra de nossas prioridades. No Brasil, teremos também uma agenda de workshops nas principais capitais e cidades como Campinas e Ribeirão Preto. Nessas ocasiões, faremos treinamentos dirigidos aos agentes de viagem, e os resorts associados apresentarão suas respectivas promoções pontuais.
A Resorts Brasil é uma entidade que conquistou, ao longo de uma década, o respeito entre o poder público. Prova disso é a parceria com a Embratur para a divulgação do destino Brasil no Exterior. Nossa intenção é estreitar e fortalecer essa relação, sempre com o foco em novas estratégias promocionais.
Vamos enfim trabalhar para a redução da carga tributária, de modo que a hotelaria nacional possa concorrer de forma equitativa e justa com o turismo internacional. Atualmente, o setor é excessivamente onerado pelo Custo Brasil, impedindo a justa concorrência com os outros produtos e mercados. Outra linha importante de atuação é o trabalho de convencimento para que os brasileiros conheçam o Brasil. 

Revista Hotéis — Como se dará a criação dos comitês temáticos, o que isto agrega juntos aos resorts e como fica o relacionamento com o poder público?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Os comitês temáticos reúnem os associados em torno de assuntos-chaves para a atividade (Político-Estratégico, Comercial, Marketing e Administrativo), e foram criados a fim de possam estabelecer linhas de ação dirigidas em cada uma das áreas, de acordo com a estratégia determinada pela entidade. Os comitês passarão a se reunir periodicamente de fevereiro em diante, e a expectativa é que surjam novas soluções e alternativas para o setor, a partir da troca de experiências entre os associados. 

Revista Hotéis — Segundo pesquisas mercadológicas, a hotelaria brasileira teve uma recuperação boa nas diárias e na taxa de ocupação nos últimos anos, mas os resorts não acompanharam este mesmo ritmo e a média de ocupação anual está na casa dos 50%. Como você analisa este quadro e o que poderá ser feito para revertê-lo com aumento da ocupação nos próximos anos?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Os resorts tiveram que enfrentar nos últimos anos questões pontuais, como o câmbio vantajoso às viagens estrangeiras; conjunturas desfavoráveis, como a crise financeira internacional, que afugentou o turista estrangeiro; e questões estruturais, como a alta tributação, que afeta o desempenho da atividade. Todos esses fatores influenciaram o desempenho dos resorts. Porém, estamos atuando em várias frentes, e o setor já demonstra um princípio de reação, conseguindo retomar uma ocupação superior a 50%, que não era registrada desde 2008.
Acreditamos que o governo vai se sensibilizar com o atual quadro de excesso de oneração do setor, o que prejudica a concorrência com outros destinos. E acreditamos também que os resorts serão cada vez mais procurados pelos próprios brasileiros. A persistirem o aumento de renda e elevação do poder de consumo do brasileiro, teremos uma significativa parcela da população que pode vir a descobrir os resorts. 
   
Revista Hotéis — A maioria dos resorts construídos no Brasil nos últimos anos foram com recursos de um único investidor e grande parte de grupos estrangeiros. Já começa a surgir vários projetos para pulverizar resorts em vários investidores. Como você analisa esta situação? Isto é uma tendência de mercado? Os investidores terão a remuneração adequada?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Houve erros e acertos nos investimentos realizados nos resorts. Algumas bandeiras conseguiram se consolidar, outras não. A pulverização é uma forma de reduzir o risco, porém, o nível de investimentos só deverá atingir níveis compatíveis com o potencial turístico do País quando tivermos a solução para a questão da elevada tributação sobre a atividade hoteleira.  

Revista Hotéis — Os cruzeiros marítimos ainda disputam o mesmo público  com os resorts? O fato de eles aparecerem no Brasil somente na alta temporada e de ainda não ter regulamentada a situação é um fator que ainda preocupa os resorts?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Dados recentes de Pesquisa encomendada pela Resorts Brasil para avaliar o perfil do cliente de resorts demonstraram que o público de nossos empreendimentos não é o dos cruzeiros. No entanto, o mercado é o mesmo e não pode haver diferenciações de tratamento. Defendemos a isonomia na legislação.

Revista Hotéis — A questão cambial ainda é fator influenciador para os brasileiros viajarem para o exterior em vez de se hospedarem em resorts no Brasil ou já temos competitividade em relação a destinos internacionais? 
Dilson Jatahy Fonseca Jr —Sem dúvida, é uma questão que influencia, mas o câmbio é apenas um lado dessa moeda. Os tributos têm um peso preponderante, a ponto de um argentino, por exemplo, pagar menos por um pacote para o Caribe do que a mesma temporada em um resort no Brasil, apesar de estar muito mais próximo da gente.

Revista Hotéis— Como estão os entendimentos com outras entidades do setor para sensibilizar o governo sobre o impacto do Custo Brasil na atividade hoteleira? Isto é um gargalo a ser resolvido de imediato?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Estamos alinhados com as demais entidades hoteleiras, pois entendemos que equacionar o Custo Brasil é uma medida primordial para a expansão turística no País, tanto no que se refere à vinda de visitantes estrangeiros, cujo número poderia ser muito maior, quanto ao aumento na demanda interna pelo turismo de alto padrão.    

Revista Hotéis — A Copa do Mundo de 2014 é um estimulo para se construir novos resorts no Brasil? Como você analisa o setor nos próximos anos?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Na prática, há o entendimento de que o impacto da Copa do Mundo será pontual para os resorts. Alguns empreendimentos já se movimentam para receber as delegações. No entanto, a preparação para a Copa do Mundo envolve diversos fatores estruturais de interesse para toda a cadeia turística, como as melhorias na malha viária e no serviço dos aeroportos e a qualificação da mão-de-obra para o receptivo. Dessa forma, a Resorts Brasil está engajada, ao lado de outras entidades, para que a Copa seja um estímulo ao desenvolvimento do turismo no País. Os grandes eventos esportivos mundiais, tais como a Copa do Mundo e a Olimpíada, são a grande oportunidade de visibilidade do Brasil para o mundo. Talvez não tenhamos outra chance tão cedo de consolidar uma imagem de segurança, lazer, prazer, belezas naturais, gastronomia, enfim, a imagem do bem-receber típico do brasileiro. 
Novos empreendimentos são sempre muito bem-vindos e mesmo necessários, mas não podemos esquecer de que a prioridade é melhorar a ocupação dos resorts já implantados.

Revista Hotéis — A Resorts Brasil está prestes a completar dez anos de atividades. Quais os grandes avanços alcançados e o que os associados podem esperar da entidade nos próximos anos?
Dilson Jatahy Fonseca Jr —  Em uma década, a Resorts Brasil consolidou sua imagem de associação comprometida com a evolução do turismo no País. Somos vistos entre o poder público e nossas congêneres como uma entidade muito séria e que respeita seus parceiros, bem como mantém um excelente relacionamento com as operadoras e os agentes de viagens.
O princípio dessa imagem positiva que conquistamos foi a preocupação que a Resorts Brasil teve, logo em seu nascedouro, com a marca “resort”. Antes de mais nada, era preciso definir o que era um resort e evitar que essa denominação fosse utilizada sem critérios, o que poderia não só iludir o turista, como também desvirtuar o conceito de  resort que o Brasil passava a conhecer: um empreendimento hoteleiro de alto padrão em instalações e serviços, fortemente voltados para o lazer, em área de amplo convívio com a natureza, na qual o hóspede não precise se afastar para atender suas necessidades de conforto, alimentação, lazer e entretenimento.
Essa necessidade nos levou à auto-regulamentação, ou seja, a Resorts Brasil tomou a frente de um sistema gerenciado pelos próprios empreendimentos, em que só receberiam o selo de “resort” aqueles que demonstrassem ter os requisitos necessários para obter essa classificação. Isso nos trouxe credibilidade e norteou os trabalhos em torno de uma modalidade hoteleira muito específica, charmosa e diferenciada.
Os próprios resorts reconhecem esse esforço, e o fato é que a entidade possui hoje 47 associados, os quais compartilham diversas ações conjuntas de divulgação e marketing. O desafio é aumentar essa integração e fazer com que os associados demonstrem cada vez mais união em torno de pontos comuns, o que certamente valorizará o negócio “resort” no Brasil.

 

 

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